sexta-feira, fevereiro 04, 2011

ONDE SE FALA DE REVOLTAS ISLÂMICAS

«Apesar do aparecimento de uma certa variedade de novos modos de aplicar o Islão, ao todo, os muçulmanos falharam no cumprimento dos ideais e aspirações do Islão. O Islão enfatiza o pensamento e a educação. No entanto, é raro encontrar no mundo muçulmano uma instituição de ensino superior de reputação. O Islão confere importância máxima à justiça social; no entanto, o mundo muçulmano encontra-se inundado pela tirania, pelo despotismo e pela opressão. O Islão insiste na distribuição da riqueza e encara a pobreza como um pecado; no entanto, a degradação humana é algo de comum nas sociedades muçulmanas. É comum a existência, lado a lado, da riqueza exuberante e da pobreza abjecta.
Os muçulmanos têm a tendência de culpar o Ocidente pela maior parte dos seus problemas. É verdade que séculos de colonialismo deixaram uma cicatriz profunda nas sociedades muçulmanas. E a economia global moderna juntamente com as tendências hegemónicas ocidentais têm contribuido para o subdesenvolvimento das sociedades muçulmanas. Mas nem todos os problemas muçulmanos podem ser atribuidos ao Ocidente.
A falha em lidar com a modernidade, sugiro eu, é um factor importante na situação difícil encarada pelos muçulmanos de hoje. Uma tendência para retornar a velhas interpretações dos textos sagrados mantém-nos trancados na Idade Média. Interpretações históricas arrastam contantemente os muçulmanos para o passado histórico, para contextos de há tempos atrás, hoje enregelados e fossilizados. Pior ainda, os fundamentalistas querem levar o Islão até ao tempo do profeta Maomé e dos califas bem guiados, um tempo que é imaginado como uma nação-estado utópica, mas que realmente nunca existiu na História. ´
(...)
(...) A forma como se vê o futuro depende da forma como se vê o presente. E o modo como se vâ o presente depende muito de para onde se olha. Precisamos de redireccionar o nosso olhar para longe dos fundamentalistas cheios de ódio, e olhar na direcção daqueles que tentam afincadamente reconstruir a civilização muçulmana. Apesar de obstáculos sérios, o projecto encontra-se a caminho.»

Ziauddin Sardar no seu livro "Em que acreditam os muçulmanos?"

No essencial uma reflexão muito importante. Roubado daqui.


2 comentários:

M. disse...

Tenho muitas dúvidas sobre o caminho da dita revolução...Antevejo muitas curvas e...acidentes:)

EK disse...

Sim, muitos acidentes sem dúvida. Mas muito positivas ainda assim.