quinta-feira, dezembro 09, 2010

JÓIAS SEM ALMA

O enorme jipe americano de cor branca e com os vidros escuros atravessa a estrada de terra batida deixando no ar um enorme manto de poeira. Envoltos nessa poeira - qual fumo de palco - os meninos correm atrás daquele monstro movido à gasolina como se em busca do sonho corressem.

É quase uma obrigação.
Ricos. Cada vez os há mais. Pessoas ricas, cheias de dinheiro.
É uma fartura.

Carro branco. O maior que puder e de preferência com os vidros escuros. Um protector para o volante em veludo branco também. Porque não? Os outros também usam.
Óculos de sol na escuridão da mente.
Bonés Armani à sombra do betão.
O Blackberry para fazer as chamadas.
Qual é que queres?
Qual é o mais caro? Qual é o "mais" melhor?

Estradas sem passeios. Sem passeios o quê? Sem alcatrão!
Prédios urinados por dentro até cá fora..
Saneamento? O que é isso patrão?
A água.. Inenarrável.
Hospitais? Escolas? Sim. Talvez. Não.

A sida.
A cólera.
A malária.
Feitiço, dizem eles..

Um País que produz ricos em pobres.
Um País que não produz riqueza.

2 comentários:

M. disse...

Fiaquei sem disposição...

Não me convenço...

M. disse...

Poeta de intervenção...Gosto.