Estava sentado à mesa do restaurante. Sózinho como sempre nos últimos tempos. Mais por opção do que por necessidade diga-se em abono da verdade. Até porque de certeza que todo o Mundo tem um refúgio que nos permita vivermos na ilusão de que basta querer para ter alguém ao nosso lado. Só que como dizem os sábios desde há muito tempo, por vezes alguém pode ser bem pior que ninguém. Muitas vezes mesmo.
Na mesa por trás estava também alguém. Também ela sozinha, envolvida na resolução de problemas pontuais que não terá conseguido resolver durante o dia. Parecia estar fora da sua cidade pois jantava fora e falava ao telefone referindo o dia cansativo de reuniões.
Passou cerca de uma hora e meia e nós estavamos ali. Eu a jantar depois de mais um dia igual a tantos outros e ela, imagino, também. De costas um para outro.
E então percebi que às vezes, não precisamos de mais nada para perceber o quanto podemos gostar de alguém. Nunca a tinha visto e tinha ouvido a sua conversa em apenas hora e meia. Conversa essa que, naturalmente, nada tinha a ver comigo. Ainda assim, cativou-me. E quatro anos depois ainda agradeço.
Naquela noite, após a tal hora e meia, decidi voltar-me e pedir licença na sua mesa. Disse-lhe que estava sozinho como ela e que saberia bem uma companhia pelo menos para o café. Disse que sim, surpresa. Depois acho que a tentativa de relaxar da pressão dos nossos dias fez o resto. A verdade é que guardo para sempre a recordação dessa noite bem como o amor que sinto por ela. O amor aqui não tem nada a ver com o convencional. Mas é amor.
2 comentários:
Há muitos tipos de amor. :)
Podes crer que sim Cidchen. E todos eles são bem válidos.
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