terça-feira, janeiro 04, 2011

"Quanto mais conheço os homens, mais estimo os animais."

Foi Alexandre Herculano que o disse. Eu venho, desta forma, corroborar, reafirmar e assinar por baixo.

Em 1º lugar quero agradecer o convite que me foi feito para fazer parte deste blog. Vamos lá ver se estou à altura do desafio e do autor original. Os meus posts terão uma de duas etiquetas: génios ou idiotas. Este primeiro post é dedicado aos idiotas. Eu sou assim, gosto de escrever sobre massas.


Tenho que escrever sobre isto antes que a praga chegue a mim e eu me transforme num energúmeno (confesso, já tive episódios). Não sei se nos últimos meses tenho estado mais consciente ou mais atenta...ou, simplesmente, me rogaram uma praga. Certo é que, no espaço de 3 meses, aconteceram coisas que me deixaram estupidificada. Eu compreendo que todos esses episódios são fruto da ignorância geral mas, talvez por teimosia, recuso-me a acreditar que as pessoas são MESMO assim. Vou, a título de exemplo, enumerar 3 factos só para terem uma ideia do que quero transmitir:

1. Tive uma quebra de tensões numa discoteca muito IN cá do sítio. Senti-me mal, tive tempo de avisar uma amiga. Disse-lhe "tenho que me sentar". Ao dizer isto, saio de onde estou e tento, rapidamente, chegar a umas escadas onde pretendia sentar-me. Não tenho tempo, perco os sentidos, caio no meio do chão. Quando venho a mim, ela está incrédula. Diz-me assim: "Tu caíste e NINGUÉM mexeu uma palha, limitaram-se a afastar-se de ti e a olhar com desdém."

2. Vocês vão achar que eu tenho um problema mas por caso acontece-me muitas vezes. Voltei a ter uma quebra de tensões dentro do metro. Isto foi ontem. Conheço-as bem (às quebras de tensões) porque costumo ter muitas e sei identificá-las. Começo a deixar de ouvir, um enjôo brutal, as pernas a tremer e começo a suar exageradamente. Com este frio, 1º, ninguém achou anormal. Estava uma mulher ao meu lado e digo eu (já a pensar que ía desmaiar) "não estou bem". A mulher ignorou-me e voltou a cabeça para o outro lado. Em pânico, nem chego a acabar a frase, peço a um senhor para me deixar sentar (o metro estava cheio). Ele levanta-se com cara de poucos amigos. Eu quase a perder os sentidos quando ouço comentários do género "Inventam cada uma para se sentar" e riem-se. Ninguém me perguntou se precisava de alguma coisa. Bem podia morrer ali.

3. Mandei uma mensagem escrita a uma pessoa amiga (???) a mandar vir (na brincadeira) porque nem sequer me deseja bom ano e nem me pergunta como estou (estou doente desde dia 31). Resposta: "Ando muito ocupada." Assim, sem mais nem menos. Fez mais do que muitos que nem responderam, por exemplo, às mensagens de Natal. Não suporto má educação.

Como estes, 300 mil episódios de gente embrutecida que poderia descrever. A altura do Natal é particularmente prolífera em situações absurdas de estupidez concentrada. Se andar de transportes públicos já é mau no resto do ano, nesta altura é de uma pessoa ficar doida. Empurram-se uns aos outros, não deixam as pessoas saír e começam a entrar nos metros, metem-se à frente, se são grávidas, velhos e crianças é completamente indiferente, é o "cada um por si" no seu esplendor máximo. Uma colega de trabalho grávida (e sem margem para dúvidas) estava sentada e um velhote pediu-lhe para se sentar no lugar dela! Ninguém mais se levantou. Uma miúda foi espancada por 3 estúpidas dentro do metro, à noite, e ninguém mexeu uma palha. Ninguém tentou ajudar. Está escrito no relatório da polícia.

No Domingo à tarde revi "O dia em que a Terra parou". Não gosto, particularmente, do filme mas acho o conceito interessante. Quem ainda não o viu, não leia daqui para a frente. Estava doente, na cama, sem nada para fazer, vi-o até ao fim e pensei para mim própria que se fosse eu o extraterrestre e se fosse agora, não dava uma 2ª oportunidade às pessoas. Ele deu mas eu não dava. Na realidade, eles salvam os animais e o Planeta e só querem erradicar o que está errado: NÓS! Logo, eles têm razão. Há algo de muito errado connosco.

E depois, quando, quase por milagre, aparece no nosso caminho uma pessoa simpática, educada e que demonstra interesse genuíno em nos ajudar, a primeira reacção é duvidar, estranhar, não acreditar. A segunda reacção é achar que foi obra de Deus, mesmo que se seja um completo agnóstico. Não devia ser ao contrário? Não deveria o "ser-se parvo" ser a excepção e não a regra?

Venho, aqui, apelar à vossa boa vontade. Tenham paciência e sorriam quando se deparam com idiotas. Sorriam e contrariem o acto estúpido. Façam-no porque eu já não consigo mais. E como comportamento gera comportamento sou, a partir de agora, uma idiota rezingona que vai deixar de agir positivamente para reagir negativamente a investidas idiotas. Não tenho mais paciência. Irrita-me quase tanto como pessoas que gostam de exibir a felicidade aparente no facebook. A esses só digo: "Wake up and smell the coffee", quem anda realmente feliz, não tem tempo para o vir espetar no facebook!

I rest my case. Bem-vindos ao meu mundo. E obrigada por lerem o meu desabafo de início de ano.

5 comentários:

EK disse...

Carla.
Bem-vinda. E ainda bem que tocas num assunto tão pertinente.

A questão da educação no Mundo inteiro é cada vez mais desvalorizada. A educação académica mas também a de berço. Isto é um reflexo disso mesmo.

Hoje estive a fazer uma pequena pesquisa no Alexa e deparei-me com uma realidade no mínimo assustadora. Trata-se apenas do meu blog mas é um indicativo do que se passa por aí. As pesquisas de maior impacto estão relacionadas com pediatria e educação dos filhos.

Eu não sei se sou só eu, mas, tentar aprender a educar na net? Está quase tudo dito. Enfim.

Obrigado por desabafares connosco. :)

M. disse...

Li atá a parte que me permites lol

Do texto. Sem admiração o li. Não me espanta. Somos assim e com tendência a piorar.

Olha: se houvesse uma camara de TV por perto não ia faltar gente para te "ajudar"...

Gostei da tua escrita e do conteúdo. Um alerta. Também se o EK te deixou o lugar é porque o mereces:)

M. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
M. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carla disse...

Este Natal vi muitíssima gente queixar-se do egoísmo e coiso e tal, pois eu enviei cerca de 200, exato, 200 emails, 100 no Natal e 100 no Ano Novo, com mensagens escritas por mim e imagens criadas também por mim, recebi umas 30 respostas no total, algumas das mesmas pessoas.

Os tais que se queixaram aos 7 ventos (pessoalmente, via FB, via blog, via sms, via msn, faltam 2 ventos :S) nem agradeceram.

Enfim, eu também já não sei se as pessoas se fazem assim ou se são mesmo assim, é que já é muita coisa junta.