sábado, janeiro 08, 2011

Aos 20 anos recebi o primeiro grande desafio na área profissional.

A empresa onde trabalhava, necessitava de uma profunda reestruturação em praticamente todas as áreas.
O departamento de gestão operacional estava entregue a um homem que era funcionário da empresa há 15 anos mas, os últimos resultados, eram cada vez mais um indicador de que algo não estaria bem. Imaginem que nem e-mail havia!
Mantermo-nos fiéis aos nossos princípios é algo de que não devemos abdicar. Evoluir também. O "segredo" está na capacidade de diferenciar algo que pode - de uma forma muito truculenta - confundir-se em alguns momentos de uma forma muito fácil.

Não percebi muito bem porque raio é que tinham me escolhido! Mas a verdade é que escolheram. Uma equipa de 9 pessoas encarregues apenas da gestão operacional foi então destacada. 2 mulheres, 7 homens. Todos mais velhos. Alguns com egos idiotas mas com uma capacidade de trabalho brutal. Outros, menos eficazes mas muito úteis na altura em que precisasse de marcar posição.

Tudo correu conforme planeado e antes do tempo previsto. Tivemos momentos de muita tensão e a dada altura eu já era considerado "o novo Hitler". Acredito que tivemos dois momentos tão extremos que poucos há que teriam resistido a apresentar a demissão. Uma das pessoas mais próximas na altura questionava-me sempre, porquê? Porquê sacrificar-se tanto em prol de algo que não era meu? Respondi-lhe sempre o mesmo: "O que quer que façamos (profissionalmente), fazemo-lo por nós." Sinto que se confundiu muito autoritarismo com exigência. Mas tudo fomos ultrapassando.

Fiz amigos e inimigos.
Nunca senti qualquer dúvida por parte daqueles a quem tinha de prestar contas.
Permaneci no posto durante mais 5 anos e nesse período atingimos os 2 melhores anos da história da empresa. Uma empresa com quase 35 anos de existência, agora. O último não tendo sido o pior, já indicava uma quebra, reflexo dos mercados.
Saí, com 26 anos e a garantia de que, em qualquer momento da minha vida podia regressar. Bastando para isso um telefonema. Mas para mim o desafio tinha chegado ao fim.

Tudo isto vem a propósito da chamada que recebi hoje. Um convite que tive de declinar. Ainda prefiro Moçambique a Angola. E mais uma vez preferi dois pássaros a voar que um na mão. Talvez seja hora de parar de arriscar tanto.. Ou talvez não.

3 comentários:

M. disse...

Para tu seres escolhido...imagino como seriam os outros:)


Estás em Moçambique...Já desconfiava...Tenho familiares que também andaram por lá.

Sorte quem trabalha contigo.

EK disse...

M.
Nem e-mail havia.. Já deu para perceber como era, acho eu.
E para um puto de 20 anos com a sétima classe inacabada até que não estive mal.

Sim, Moçambique. Tu conheces?

M. disse...

Nã. Meu cunhado nasceu lá...E esteve este verão lá...

mas não me importava de conhecer.