quarta-feira, março 24, 2010

LÉDIO CARMONA



LÉDIO CARMONA é um, senão "o" jornalista desportivo mais conceituado do Brasil. Exerce há 23 anos e esteve presente nos últimos 5 Mundiais de Futebol. Vale a pena ler!

A festa é dos Encarnados!
O Benfica de 2009/10 é o melhor dos últimos 10 anos. Isso é indiscutível. A bola mostrada pelos Encarnados é um exemplo de como um planejamento bem feito dá resultado. O plantel, invejável, é fruto de uma política formada por duas frentes. A primeira, confiar em jogadores que estavam em baixa, mas que já mostraram resultado. Acreditou na capacidade deles. Dela fazem parte Aimar, Saviola, Carlos Martins. A segunda, apostar em jovens sulamericanos que se destacaram em suas ligas. Di María, Cardozo, Alan Kardec, David Luiz (não chegou a se destacar por aqui), Ramires, Aírton. Com isso, criou um plantel completo, pronto para suprir ausências ou descansos, como hoje.



Do outro lado, o rival Porto vem fazendo o caminho inverso. Recheado de problemas políticos e com um planejamento confuso, está perdendo sua hegemonia na Liga. Negociou jogadores importantes como Lucho González, Lisandro López, Cissokho e não contratou à altura. Belluschi não mostrou ao que veio. Só Falcao está justificando seus milhões de euros.


Nesse clima as duas equipes entraram em campo hoje, no belo e lotado Estádio Algarve, pela final da Taça da Liga. Campo neutro, torcida dividida. Os Encarnados buscavam o primeiro título da temporada, que promete ser recheada. Ao Porto, era a consolação de uma temporada onde tudo deu errado.


Jorge Jesus escalou alguns reservas no Benfica, poupando jogadores que participaram da partida contra o OM, quinta, pela Liga Europa. Já Jesualdo Ferreira foi com o que tinha de melhor – menos Helton, o que vocês vão ver que fez diferença. Mas, o que se viu em campo foi uma aula tática dos Encarnados. Kardec isolado no ataque era apenas uma ilusão. Di Maria e Aimar rondavam o centroavante, enquanto Carlos Martins encostava pelo meio. A tática portista passava pela qualidade da dupla Belluschi e Falcao Garcia, além da movimentação de Ruben Micael, Cristian Rodriguez e Raul Meirelles. Mas a dupla brasileira Luisão e David Luiz anularam completamente os dois primeiros. Aírton, quase um terceiro zagueiro, fechava o espaço de quem tentava vir de trás


Aos 10 minutos, o Benfica já vencia por 1 a 0. O médio central Ruben Amorim chutou de longe, fraco, no meio do gol, mas o goleiro Nuno aceitou. Frangaço daqueles. Inteligente, o Benfica viu a oportunidade de controlar a partida. E foi o que fez. Foi difícil ver o Porto atacando. No máximo, um lance tosco de Kardec que, do meio de campo, quase encobriu o próprio goleiro. Mas o avante brasileiro se recuperou logo depois. Boa arrancada e falta sofrida. Na cobrança, um tiro de Carlos Martins. Golaço. Nuno estava mal posicionado, mas o mérito é todo do meia. Na saída para o intervalo, um destemperado Bruno Alves bradava contra a torcida adversária. Ridículo.


O nervosismo do Porto e o controle do Benfica continuaram no segundo tempo. Jesualdo botou Fucile e Valeri em campo. Não adiantou. Em resposta, Jorge Jesus mostrava seu arsenal. Primeiro Ramires, e depois Óscar Cardozo. A torcida da Águia já fazia festa nas arquibancadas. Pouco aconteceu na segunda etapa. O Porto não mostrou força para virar. E ainda levou mais um, aos 91 minutos. Bela jogada de Rubem Amorim, que finalizou na trave e, no rebote, a bola sobrou para Cardozo. Ele não perdoa. 3 a 0 e festa merecida.


A torcida do Porto pede a cabeça de Jesualdo Ferreira. Não há clima para o treinador continuar. Temporada para ser esquecida. Repaginar e mudar muita coisa é necessário. Já o Benfica colhe frutos de uma temporada praticamente perfeita. O título da Liga Sagres está muito próximo. E ainda tem a Liga Europa. Se passar pelo Liverpool – nada fácil, terá muita chance de levar o caneco internacional. Parabéns aos Encarnados. O bicampeonato é de vocês. E a festa também.

Quero chamar a atenção aqui para alguns factos que considero importantes.

Nas épocas do super-dragão em que Mourinho era treinador e o Porto conquistava títulos a nível Europeu o mesmo Porto nunca conseguiu ter o protagonismo internacional que o Benfica consegue pelo simples facto de vencer uma Taça como esta. Isto é um sintoma da verdadeira dimensão do Benfica. É acima de tudo um sintoma de que implicitamente todos aqueles que vêm o futebol com olhos de ver sabiam que o sucesso a nível internacional eram uma consequência do sucesso a nível interno. Sucesso esse (a nível interno) que foi conquistado como todos sabemos.

Apraz-me perceber que o verdadeiro futebol está a voltar a Portugal. Os jogadores voltaram a ser os protagonistas.

O motivo para falar tanto de futebol este ano, particularmente, tem a ver com a possibilidade histórica de ser um ano de viragem. A bem do Futebol Português!

1 comentário:

Fábio Silva disse...

Parece-me que é mais uma especulação. O Inter não costuma entrar em loucuras... e o preço do Fábregas é uma loucura para o Massimo Moratti.

Abraço
Fábio Silva, http://mosaico-futebolistico.blogspot.com/